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domingo, 27 de junho de 2010

TEXTO 68 - A FIDE QUER CONSTRUIR HOTÉIS.


Pode parecer anedota, mas não é, segundo uma notícia publicada no sítio Russia-Info-Centre, que cita o www.dp.ru (FIDE построит в Самаре гостиницу),

«A segunda maior federação do mundo (FIDE) pretende construir hotéis em 165 países. Todos os hotéis terão a forma de peças de xadrez. A FIDE pretende construir 150 hotéis e centros de xadrez já nos próximos 4 anos.

Segundo o presidente da FIDE, Kirsan Ilyumzhinov, serão destinados de imediato cerca de 1 bilião de dólares (US$1 billion) para dar início ao projecto. O custo total do projecto está estimado em 50 biliões de dólares (US$50 billion).

Já se sabe que alguns centros de xadrez e hotéis serão edificados em Chisinau (Moldova), na Rep. Pop. China e cidades russas como Samara, Yekaterinburg, e Khanty-Mansiysk.




Outra parte grandiosa do projecto é contruir uma cidade do xadrez que consistirá em 32 hotéis em forma de xadrez nos Emiratos Árabes Unidos. É um projecto dispendioso, mas a FIDE já tem acordos com vários investidores».

Ler a este propósito os artigos Ilyumzhinov and the Chess City in Dubai, na ChessBase news e Big Move: Dubai Backing $2.6-Billion International Chess City, de JACK LYNE, Site Selection Executive Editor of Interactive Publishing. Ver também Innovative International Chess City soon to grace Dubai skyline, na CNN.com.

PESQUISADO E POSTADO, PELO PROF. FÁBIO MOTTA (ÁRBITRO DE XADREZ).
REFERÊNCIA:
http://aladerei.blog.pt/tag/fide/

TEXTO 67 - O XADREZ PODE SER UMA ATIVIDADE LUCRATIVA?


Irá o xadrez tornar-se uma atividade lucrativa como o boxe ou o futebol? O empresário holandês, Bessel Kok, de 65 anos, é o presidente da empresa, com sede em Amerstardão, Holanda, chamada “Global Chess BV” (Xadrez Global).

O objectivo desta empresa, que tem um capital inicial de 4,5 milhões de euros, é fazer a promoção dos principais eventos da FIDE, em especial, os Campeonatos do Mundo.

O jornalista alemão, Dr. René Gralla, entrevistou Bessel Kok, o qual depois de ter sido o Vice-Presidente da Český Telecom, vive actualmente em Praga, onde dirige a “Global Chess BV”.

PESQUISADO E POSTADO, PELO PROF. FÁBIO MOTTA (ÁRBITRO DE XADREZ).
REFERÊNCIA:
http://aladerei.blog.pt/tag/fide/

sexta-feira, 18 de junho de 2010

TEXTO 66 - A ORIGEM DAS 32 PEÇAS (TEXTO DE PROF. JOSÉ AUGUSTO DE MELO NETO).

Até o fim do século 19, acreditava-se que o jogo de xadrez havia surgido na região da antiga Pérsia. Entretanto, no início do século 20, duas publicações contribuíram para mudar esta concepção.
Em 1902, o oficial inglês H. Raverty escreveu um artigo no Jornal da Sociedade Real Asiática de Bengala, intitulado a "História do Xadrez e do Gamão". De acordo com lingüista Sam Sloam (1985) [1], pela primeira vez contou-se a seguinte história: um sábio chamado Sissa, de uma região do noroeste da Índia, inventou um jogo que representava uma guerra e pediu como recompensa ao rei um grão de trigo para a primeira casa do tabuleiro, dois para a segunda, quatro para a terceira, sempre dobrando a quantidade da casa anterior. Essa famosa história foi inúmeras vezes recontada e acabou tornando-se a lenda mais conhecida sobre a origem do xadrez.
Em 1913, Harold James Ruthven Murray publicou o livro “Uma História do Xadrez”. Nesta obra, o autor declara de forma convincente em mais de 900 páginas que o xadrez foi inventado na Índia, em 570 d.c.. Este xadrez indiano chamava-se chaturanga e seria anterior ao xadrez persa (chatrang), ao xadrez árabe (shatranj), ao xadrez chinês (xiangqi), ao xadrez japonês (shogi) e a todos os xadrezes. A pesquisa do autor tornou-se uma referência na literatura enxadrística e foi reproduzida exaustivamente [2].

Todos nós acreditamos na versão de Murray. Afinal, o chaturanga era a origem mais provável. Porém, esta teoria foi ficando cada vez mais difícil de sustentar com novas descobertas arqueológicas e com uma análise mais minuciosa das fontes do autor. Na busca de referências para trabalhos científicos, o xadrez indiano a quatro mãos passou a ser citado como uma variante mal-sucedida de um outro jogo ainda mais antigo [3].

Representação hindu.

De acordo com Yuri Averbakh (1999) [4], a origem do xadrez não pode ser analisada sem o conhecimento adequado da origem de outros jogos de tabuleiros. Por exemplo: egípcios e gregos tiveram os seus jogos de tabuleiros que simulavam corridas. Asthapada era o nome de um antigo jogo de corrida indiano que, assim como o chaturanga, era jogado por quatro pessoas, com dados, em um tabuleiro de 64 casas. A idéia de um xadrez inicial somente com carros de combate é realmente incrível.
Mas, apesar de Jean-Louis Cazaux (2001) [5] e Myron Samsin (2002) [6] proporem o xadrez como um jogo híbrido, o registro da existência de vários jogos de tabuleiros (8x8), em regiões e épocas distintas, com peças representando uma hierarquia e com o mesmo objetivo de deixar a peça principal sem movimento é uma evidência que estes jogos tiveram uma origem comum.




Analogia com as peças do xadrez: chaturanga, chatrang e xiangqi.

O período árabe do xadrez, cujo nome shatranj permanece até os dias atuais, parece ser o único ponto de convergência entre os antigos e atuais pesquisadores. Ele foi realmente o responsável pela propagação rápida do jogo que acompanhou a cultura mulçumana na expansão do islamismo. Até 1475, o xadrez que jogava-se na Europa era resultado direto desta influência. O grande enigma diz respeito ao seu período ainda mais remoto. Se realmente há registros na literatura antiga persa e chinesa anteriores ao século seis da nossa era sobre um jogo de tabuleiro similar ao xadrez, podemos considerar as seguintes hipóteses formuladas por Cazaux (2001) [7]:

1 – O xadrez nasceu na Pérsia;

2 – O xadrez nasceu na China;

3 – O xadrez persa e chinês têm o mesmo ancestral;

4 – O xadrez persa e o xadrez chinês influenciaram-se mutuamente na sua formação.

Há referências [8] que, ao menos 700 anos antes da era cristã, jogava-se na China um jogo de tabuleiro com pedras que simulava uma guerra. O número de peças podia chegar exatamente a 32 peças. Este jogo tinha o nome de Liubo e é considerado o ancestral do xiangqi, o xadrez chinês.
O jogo do elefante [9] já era jogado na China no século II d.c.. Os movimentos das peças que iniciam nas bordas do tabuleiro, equivalentes à torre, cavalo e bispo [10] do xadrez moderno, são praticamente os mesmos do xadrez chinês. Há também um rei no centro. O que muda é o número de peões: apenas cinco no xiangqi, contra oito do modelo ocidental. Esta mudança é compensada em número de peças por dois conselheiros e dois canhões, somando em ambos os jogos 32 peças.
O tabuleiro chinês é no formato 9x10. Como as peças não são colocadas nas casas e sim nos pontos que separam as casas, a transposição para xadrez moderno equivaleria a um tabuleiro 8x9. Há ainda no xadrez chinês um rio que separa os dois lados como uma fronteira artificial. Se o rio fosse eliminado teríamos o mesmo tabuleiro de 64 casas (8x8). Sloam (1985), em seu artigo “A origem do xadrez” [11], é enfático quando comenta a convenção dos pontos, originária de um outro jogo de tabuleiro, o go:
“...quando o xadrez foi da China para a Índia, era jogado num tabuleiro de go de 9x9. Quando os indianos (ou persas ou árabes, quais tenham vindo primeiro), que não sabiam nada de go, viram aquilo, eles simples e naturalmente tiraram as peças dos pontos e puseram nas casas. Assim, um tabuleiro de go de 9x9 tornou-se um tabuleiro de xadrez de 8x8. Contudo, havia ali uma peça a mais, então os indianos simplesmente eliminaram um dos chanceleres. Também acrescentaram três peões, para preencher o espaço vazio em frente. (O xadrez chinês agora só tem cinco peões, mas pode ter tido mais em versões mais antigas do jogo). Dessa forma, é possível que eles tenham convertido o xadrez chinês em xadrez indiano de um só golpe...”
xiangqi: discos com caracteres chineses
Embora não existam evidências que comprovem todos os argumentos daqueles que hoje acreditam na segunda hipótese, é um fato os registros de um jogo anterior ao chaturanga e ao chatrang em pelo menos três séculos. O xiangqi teria a possibilidade de ter se propagado em outras regiões sujeitas à influência chinesa com as rotas comerciais da seda. As peças de xadrez mais antigas já descobertas foram encontradas nestes caminhos.
Neste xadrez de tantas possibilidades, permitiu-se ainda que em julho de 2002 fosse encontrada durante as escavações de um palácio bizantino, no sul da Albânia, uma peça de marfim que seria do ano 465 d.c. [12] (portanto, anterior ao chaturanga). Seria a mais antiga peça já encontrada na Europa, mas há quem acredite não ser uma peça de xadrez e sim apenas uma pequena estatueta decorativa. Antes desta descoberta, peças italianas feitas de osso, datadas do séc. X, em exposição no Museu Arqueológico de Nápoli, pareciam confirmar que o xadrez indiano, persa ou chinês havia demorado mais séculos antes de entrar na Europa medieval.


A peça de 4 cm (Séc. V) encontrada em 2002 e as peças italianas (séc. X).



PESQUISADO E POSTADO, PELO PROF. FÁBIO MOTTA (ÁRBITRO DE XADREZ).
REFERÊNCIA:
http://www.xadrezamazonense.tripod.com/
Notas:


1 - SLOAM, Sam. The Origin of Chess. 1985. Disponível em:< http://www.samsloan.com/origin.htm>. Acesso em: 29 ago 2002

2 - Embora o autor tenha este e outros livros reimpressos nas décadas de 50 e 60, suas pesquisas encerram-se em 1917.

3 - SLOAM, Sam. Op. Cit.

4 - AVERBAKH, Yuri. To the Question of the Origin of Chess. 1999. Disponível em: < www.netcologne.de/~nc-jostenge/ averba.htm>. Acesso em: 29 ago 2002

5 - CAZAUX, Jean-Louis. Is Chess a hybrid game?. 2001. Disponível em: < www.netcologne.de/~nc-jostenge/cazaux.htm>. Acesso em: 29 ago 2002

6 - SAMSIN, Myron J. Pawns and Pieces - Towards the Prehistory of Chess. 2002. Disponível em: < www.netcologne.de/~nc-jostenge/samsin.htm>. Acesso em: 29 ago 2002

7 - CAZAUX, Jean-Louis. Op. Cit.

8 - FLEISCHER, R. e ULLAH KHAN, S. Xiangqi and Combinatorial Game Theory. 2002. Disponível em:. Acesso em: 29 ago 2002

9 - O xiangqi é também conhecido como o jogo do elefante, enquanto o shogi é conhecido como o jogo do general.

10 - A comparação é evidentemente mais adequada com o chatrang, cujos nomes das peças são os mesmos.

11 - SLOAM, Sam. A origem do xadrez. Disponível em: < http://geocities.yahoo.com.br/xadrezvirtual/historia/>. Acesso em 29 ago 2002

12 - Europe's Oldest Chess Piece Found. Disponível em: . Acesso em 29 ago 2002

sábado, 12 de junho de 2010

TEXTO 65 - POR QUE ESTUDAR XADREZ? (RELATO DE GARRY KASPAROV).

Por que estudar Xadrez? (Relato de Garry Kasparov).

A proposta de revista Sport in the URSS, de publicar uma série de lições minhas, para osseus leitores, pegou-me um pouco de surpresa, porque eu mesmo ainda estou estudando as sutilezas do Xadrez.
Depois de pensar um pouco, eu resolvi que, escrever a respeito da minha compreensão e da minha interpretação, dos fundamentos do Xadrez, também seria útil para mim.
Eu sou um apaixonado pelo Xadrez; esta paixão já dura muitos anos e é para sempre.
Eu estou sempre estudando Xadrez e estudando minunciosamente. Mesmo quando eu analiso aquilo que já fiz e traço planos para o futuro, não consigode deixar de me impressionar diante da inesgotabilidade do Xadrez e de tornar-me, cada vez mais convencido, de sua imprevisibilidade. Veja por você mesmo: já foram disputadas milhões de partidas. E milhares de livros foram escritos, sobre vários aspectos do jogo. E assim mesmo, não existe um método ou uma fórmula capaz de garantir a vitória. Não há critérios, matematicamente comprovados, para avaliar-se sequer, um lance, quanto mais uma posição. Os experts em Xadrez não têm dúvida, de que, na maioria das posições, há mais de uma continuação recomendável e, cada um escolhe o ´´melhor´´lance, com base, na sua própria experiência, capacidade analítica e até mesmo caráter. Nem mesmo, a possibilidade do emprego de computadores, para análise, parece séria no presente (1993), uma vez que ainda não foi encontrado um algarítmo definitivo da partida de Xadrez e, não há programa algum, capaz de lidar confiavelmente, com suas complicações múltiplas. E por que falar a respeito de detalhes, posições e estágios da partida, quando nem mesmo há uma resposta para a pergunta: ´´o que é o Xadrez? Um esporte, uma arte ou uma ciência?``
Alguns dirão: ``Os jogadores de xadrez participam de torneios e disputam partidas, lutam para vencer e o resultado é importante para eles - o que significa que o Xadrez é um esporte. Ele desenvolve a força de vontade e ajuda as pessoas a se tornarem mais fortes.´´
E como pode alguém convencer outro da correção de opnião, daqueles que sempre se impressionam com a beleza das combinações e da lógica das táticas do Xadrez? Para estes, um engenhoso sacrifício de Dama, em uma partida perdida, é uma fonte de prazer, ao passo que uma partida monótona, forçada, os deixa indiferentes. Para estes, o Xadrez é uma arte capaz de trazer felicidade e de dar sentido aos momentos de lazer. Ao mesmo tempo, há também, muitos entusiastas capazes de passar noites em claro, resolvendo um problema do tipo: ´´Por que as pretas movem a Torre para a casa d8, em vez de mover o Cavalo, para a casa c6? Por que a posição das pretas é melhor? Para estes, o Xadrez é principalmente uma ciência, baseada no raciocínio lógico.
Eu gosto do Xadrez, pela versatilidade e pela multiplicidade. Foi a beleza e o brilhantismo dos golpes táticos, que me cativaram ainda na infância. Primeiro, admirando este brilhantismo, e depois, buscando-o nas minhas próprias partidas e, a seguir, tentando jogar bonito - tais foram os estágios do meu crescimento, como um prisioneiro da Arte do Xadrez. Mas depois veio à época, em que comecei a competir com outros, a tomar parte em torneio após torneio e, isto quer dizer que tive que começar a trilhar o caminho do Xadrez, como esporte. Eu ainda gosto de jogar bonito, mas não mais posso ser indiferente aos meus resultados; a se vou ganhar ou terminar nas últimas posições.
Eu quero vencer; eu quero derrotar todos, mas quero fazê-lo com estilo, em um combate esportivo honesto. O Ex-Campeão Mundial Mikhail Botvinnick, que eu considero meu professor, é um acadêmico do Xadrez, cujo trabalho ajudou-me a abordar o Xadrez Científico. Eledespertou em mim, o prazer de pesquisar e de resolver os inumeráveis problemas do jogo.A longo de meus preparativos, para as competições e,durante minhas análises de partidas abertas, de repente, percebi que estava tentando estudar meticulosa e metodicamente, com uma persistência típica de um pesquisador. Estou convencido,de que minha afeição, por todos estes aspectos do Xadrez irá contribuir para preservar a minha paixão, pelo resto de minha vida.
Meus pais ensinaram-me a mover as peças, quando eu tinha cinco anos e eu fiquei fascinado. Um ano mais tarde, fui levado para um grupo de Xadrez, no Clube de Jovens Pioneiros, em Baku, onde imaginava-me em um reino de jogadores de Xadrez. Desejando convencer-nos do caráter paradoxal do Xadrez, o nosso instrutor arrumou as peças sobre o tabuleiro, logo em uma das primeiras sessões. Veja a posição das peças, através da linguagem Forsity:
3b3tr
3P2pp
8
8
8
2d5
PP1pppPP
3T3R
Esta posição, onde os pequenos Peões derrotou o inimigo, era tão surpreendente, que parecia um conto de fadas e tornei-me incapaz de viver sem o Xadrez, desde então. Sempre admirei esta posição.
Eu sempre gostei de atacar, desde a infância. Ainda gosto de jogar na ofensiva. Dediquei muito tempo para estudar os fundamentos, que parecem não ter nenhuma influência direta no jogo, mas que - estouconvencido - são necessárias para um Grande Mestre, quanto para um Amador, que queira melhorar seu jogo e obter agradáveis resultados em torneios. Para atingir o seu alto padrão de jogo, um Grande Mestre tem de gastar milhares de horas estudadas, centenas de partidas.
Seu talento jamais se desenvolveria sem tamanho trabalho. Se você gosta de jogar Xadrez, mas não tem tempo, para dedicar-se a um estudo independente, mas assim mesmo, quer derrotar seus amigos, você terá que gastar algumas dezenas de horas, debruçado sobre o tabuleiro.

PESQUISADO, PELA PROFESSORA MARIA ZENILDA BARRETO (ZENE).
POSTADO, PELO PROF. FÁBIO MOTTA (ÁRBITRO DE XADREZ).

REFERÊNCIA:
Aprendo Xadrez com Garry Kasparov - Campeão Mundial
(Repleto de idéias e estratégias geniais).
Tradução: Bazan Tecnologia e Linguística Fábio Santos de Góes.
Editora Ediouro.
4ª Edição.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

TEXTO 64 - A HISTÓRIA DO XADREZ (NARRADA POR A. CARNEIRO E JOAQUIM VALLADÃO MONTEIRO).

PINTURA DO RETRATO DE RICHARD COER DE LION.
Buscar a origem do Xadrez, é voltar à obscuridade das lendas e tradições, nuito antes da História Escrita. As lendas da Índia associam o jogo aos efeitos dos deuses e dos heróis, conforme encontra-se no BHAHAVISHYA PURANA, uma das partes do antiquíssimo poema épico MAHABARATA. Este o menciona, como originário daquele país, há uns quatro ou cinco mil anos, ao tempo em que Ravana, rei do Ceilão foi sitiado por seu inimigo Rama; O HERÓI DO RAMAIANA, outro grande poema épico hindu. A invenção do jogo é atrubuída a esposa de Ravana, que o idealizou, para montar um espírito bélico nos soldados, pois o xadrez foi sempre considerado como uma guerra em miniatura.
Do mesmo modo, o Xadrez Chinês, de acordo com a tradição do país, foi inventado pelo General Hang-Sing, enviado por Hong Chu, rei da Kianguan, para sitiar Shen-Se. Seu exército foi surpreendido pelo inverno e Hang-Sing, para que seus soldados esquecessem suas asperezas, e tal como na tradição hindu, para que mantivessem os seus espíritos aguerridos, inventou o Xadrez Chunês.
Os militares de todos os tempos, tem sido entusiastas do Xadrez. Os nomes mais célebres foram Tamerlão e o Grande Napoleão.
Naturalmente, as formas iniciais do Xadrez, não correspondiam exatamente ao nosso xadrez moderno. No primeiro jogo hindu, Chaturanga haviam quatro jogadores, dispondo cada um rajá, um elfante, um cavalo, um navio, e quatro infantes. A partida era jogada, ou pelo menos iniciada com dados, para determinar a peça a ser movida e com apostas. As peças valiam certo número de pontos, quando tomadas: 5,4,3,2,1, na ordem acima citada. Alguns lances do jogo, dobravam o ganho.
Firdausi, o Grande Poeta Persa, do décimo século, no seu SHAHNAMA, ou LIVRO DOS REIS, fala da introdução do Xadrez na Pérsia, aproximadamente, no ano 500, da Era Cristã. Depois da conquista da Pérsia, pelos califas, no século sétimo, o jogo tornou-se conhecido na Arábia. Data desta época, a notícia do PRIMEIRO LIVRO DE TEORIA DO XADREZ, escrito por Masudi (aproximadamente, no ano 950, da Era Cristã). No início do Século XI, ou pouco antes, o Xadrez chegou à Europa, que até nossos dias, tem sido seu principal centro de desenvolvimento.
O Jogo de Xadrez, desde sua origem na Índia, numa remotíssima época, chegou até nossos dias, após sofrer várias transformações e modificações. Seu primeiro nome foi Chaturanga, vocábulo sânscrito, que se pronuncia, como se em Português escrevêsse-mos (t) chaturanga, isto é, conforme a prosódia convencional, clássica na Europa Xadrez (com as variantes arcaicas axadrez, enxadrez, acendreche, com derivados, como axadrezado, xadrezinho, etc.), repetimos, vem do sânscrito: chatur, que significa ´´quatro´´; e anga, que significa ´´membro´´, designando um exército de quatro armas: infantaria, cavalaria, elefantaria e navios.
Os persas, quando o Chaturanga lhe foi transmitido, por uma natural corrupção do sânscrito chaturanga, , chamaram-no de chaturang. Os árabes que invadiram seu país, alteraram-no também, para shaturanj (ax-xitrenj, pois em seu alfabeto, não existia o primeiro e o último som.
Como e Xadrez chegou à Europa, não se sabe ao certo. Supõe-se terem sido vários os seus introdutores: os espanhóis, certamente aprenderam-no dos mouros; os italianos aprenderam dos bizantinos, antes do tempo das Cruzadas, quando os nobres, de todos os países da Europa, tiveram oportunidade de conhecê-los na Palestina. A Itália e a Espanha, logo espalharam-se à Alemanha; aos Países Escandinavos e à Inglaterra.
A tradição relata que o rei Canuto (1016 - 1030) discutiu com o Conde Ulf, sobre o tabuleiro de Xadrez e, em consequência disso, assassinou-o no dia seguinte. A ´´Crônica de Ramsav`` diz que quando o Bispo Utherico procurou o Rei Canuto à noite, para o negócio urgente, encontrou-o jogando Xadrez e dados com seus cortezãos.
A primeira menção do Xadrez, na Literatura Inglesa, encontra-se no Cursor Mundi (aproximadamente, no ano 1300), onde é citado com despreso, entre os ´´jogos ociosos´´.
No Século XII, Jacques de Cessoles, escreveu um tratado, do qual, todo um capítulo foi consagrado a um Curso de Moral, tirado do jogo de Xadrez.
No romance, em versos, ´´Richard Coer de Lion´´ (pintura do retrato, acima), rm Inglês Medieval (aproximadamente, no ano de 1325), lê-se o seguinte: ``Encontraram o Rei Rucardo jogando Xadrez em sua galera,/ E o Conde de Ruchmond com ele jogava/ E Ricardo gannhou tudo que ele apostara.
Pelo último verso concluiu-se, que no Século XIV, o Xadrez Inglês era jogado com apostas, como fora Chaturanga. A espécie de coisa que constituia o objeto de suas apostas, é referida no romance, em versos, de Inglês Medieval ´´Sir Tristrem´´, onde lemos: Vendo um tabuleiro de Xadrez, ao lado de uma cadeira/ Perguntou-lhes quem queria jogar/ Disse-lhe um marinheiro, em tom jovial:/ - Rapaz, que queres apostar?/ Contra um gavião de altineiro porte/ E quem lealmente ao outro vencer/ Ambos os prêmios levará´´. E ficamos sabendo, que antes de terminar o jogo, já Tristrem havia ganho seis gaviões e presenteava-os aos circunstantes a fim de fazer amigos.
O jogo continuou desenvolvendo-se pela Europa, até o Século XVI, época em que viveu o PRIMEIRO VERDADEIRO ANALISTA, que escreveu sobre o Xadrez Europeu. Foi o espanhol Ruy Lopes de Segura (aproximadamente, no ano 1560), que registrou a última mudança: (o roque), do Shatranj dos árabes, para a forma do xadrez hoje, jogada por toda a Europa. Dele tomou seu nome, a Abertura Ruy Lopes, também denominada Partida Espanhola (ou Abertura Espanhola). Ruy Lopes, autor da interessante obra ``Livro de la invención liberal y Arte del juego del Axedrez.´´Acolá 1561, é considerado e mui justamente, como o fundador da teoria enxadrística.
No Século XVIII, a supremacia do Xadrez pertencia à França. Françóis André Danican Philidor publicou, em 1749, a ``Análise do Xadrez``, que foi o livro sobre xadrez mais editado e mais traduzido. A Defesa Philidor tem seu nome devido a este mestre.
Nos meados do Século XIX, a Inglaterra assumiu a liderança (ora em poder da Rússia) com homens como o Capitão Evans, criando o Gambito Evans e Howard Stauton, idealizador do desenho das peças de xadrez, hoje comumento usado e, de muitas variações do jogo.
A América contribuiu pelo menos com um nome para o firmamento dos astros do xadrez: Paul Morphy (1837 - 1884), cujas partidas formam talvez, a mais brilhante coleção, que já foi publicada. Elas são muito estimulantes para os jogadores novos.

PESQUISADO E POSTADO, PELO PROF. FÁBIO MOTTA (ÁRBITRO DE XADREZ).
REFERÊNCIAS:
http://edomitas.files.wordpress.com/2010/03/richard_coeur_de_lion.jpg
Livro: Aprenda a Jogar Xadrez Corretamente.
Autores: A. Carneiro e Joaquim Valladão Monteiro.
Editora Ediouro.
Edições de Ouro.