RESPEITE AS CRIANÇAS!

RESPEITE AS CRIANÇAS!
AS CRIANÇAS NÃO SÃO LIXO.




NÚMERO DE FOTOS E IMAGENS DESTE BLOG.

O CLUBE DE XADREZ SANTO ANTONIO DE JESUS, BAHIA (CXSAJBA) AGRADECE PELA VISITA, NESTE BLOG.
O NÚMERO DE FOTOS E IMAGENS, DESTE BLOG: 305.

VISITANTE DE NÚMERO:

sábado, 18 de agosto de 2012

TEXTO 137 - FRASES DO JOGO DE XADREZ.

PESQUISADO E POSTADO, PELO PROF. FÁBIO MOTTA (ÁRBITRO DE XADREZ).

REFERÊNCIA:

http://www.frasesnaweb.com.br/xadrez


FRASES DO JOGO DE XADREZ.






Um olho sobre o flanco e a mente no centro é o mais profundo significado do jogo posicional. 

Autor: Aaron Nimzowitsch     Tags: olhoflancomente 
Enviado por: brunolapollig       Categoria: Frases de Xadrez

 
Já se disse que a vida não é suficientemente longa para o xadrez. O defeito é da vida, não do xadrez. 

Autor: Napier     Tags: dissevidasuficientemente 
Enviado por: brunolapollig       Categoria: Frases de Xadrez

 
A diplomacia é uma partida de xadrez em que os povos levam xeque-mate. 

Autor: Karl Kraus     Tags: diplomaciapartidaxadrez 
Enviado por: rafainha001       Categoria: Frases de Xadrez

 
Que os nossos passos sejam precisos como uma bela partida de Xadrez. 

Autor: Desconhecido     Tags: nossospassossejam 
Enviado por: rafainha001       Categoria: Frases de Xadrez

 
Feliz dia do enxadrista. 

Autor: Desconhecido     Tags: felizenxadrista 
Enviado por: rafainha001       Categoria: Frases de Xadrez





A torre da defesa exerce o máximo de resistência, se sua posição é tal que deixa três colunas livres entre ela e o Peão inimigo. A posse desse espaço intermediário constitui a posição correta da Torre defensiva. 

Autor: Chéron     Tags: torredefesaexerce 
Enviado por: brunolapollig 






Vejo que viajas constantemente. Quando estiveres só, quanto te sentires um estrangeiro no mundo, joga xadrez. Este jogo erguerá teu espírito e será teu conselheiro na guerra. 

Autor: Aristóteles     Tags: vejoviajasconstantemente 
Enviado por: brunolapollig       Categoria: Frases de Xadrez






Um peão no final, é nove décimos de um corpo. 

Autor: Desconhecido     Tags: peaofinalnove 
Enviado por: brunolapollig       Categoria: Frases de Xadrez

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

TEXTO 136 - RONALD CÂMARA.

PESQUISADO E POSTADO, PELO PROF. FÁBIO MOTTA (ÁRBITRO DE XADREZ).

REFERÊNCIA:
http://www.heldercamara.com.br/ronald.htm

: : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : :   RONALD CÂMARA    : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : :
 
      Muito antes de destacar-se como Mestre Nacional de Xadrez, bicampeão brasileiro, dirigente e árbitro internacionalRonald Câmara já havia obtido projeção como cronista especializado, colaborando nas mais diversas publicações do país e do exterior.
      
Forjado na escola idealista de 
Gilberto Câmara, herdou do seu pai os dotes jornalísticos e o acendrado entusiasmo pela arte de Caíssa.
      Assim, desde os primórdios de suas atividades como jogador, nos idos de  1946,  Ronald   desenvolveu   um   intenso  trabalho  de  divulgação  e proselitismo, culminando em 1960, com o 
lançamento do livro de crônicas"Peões na Sétima" que teve franca aceitação e generosa acolhida.
       Decorridos mais de 50 anos de proveitosa experiência, dentro e forado tabuleiro, esse mestre cearense produziu outro significativo livro, intitulado
"No Mundo dos Trebelhos".
     
Embora verse essencialmente sobre assuntos enxadrísticos, abordando interessantes e variados temas, eletrizantes partidas magistrais e figuras exponenciais do 
"top-board" mundial - esse livro de Ronald Câmara sobressaiu-se também pelo seu conteúdo literário e pitoresco, tendo alcançado ampla  repercussão junto  ao  público  em  geral,  notadamente perante os aficionados da arte que mereceu do genial Goethe a lapidar definição de "pedra de toque da inteligência".

      Ronald Câmara é figura exponencial do xadrez brasileiro desde 1960, quando se sagrou campeão brasileiro.Em 1972, encerrou suas atividades no tabuleiro como participante de certames amistosos e oficiais e passou à condição  de  dirigente  enxadrístico,  figurando  durante  seis  anos como vice-presidente técnico da Confederação Brasileira de Xadrez e durante quatro anos como presidente da Zona Sul-Americana da "Fédération Internationale des Échecs" - FIDE. Deu com isso extraordinário impulso à prática do xadrez no Brasil, destacando-se, entre as suas realizações, a do memorável Torneio Interzonal de Petrópolis, cm 1973.  É também um dos mais fecundos escritores brasileiros sobre a arte de Caissa, com colaborações no país e no exterior, sobressaindo as respeitáveis colunas que manteve sobre xadrez nos jornais "O POVO" e "DIÁRIO DO NORDESTE", ambos de Fortaleza, Ceará. 

  
Crônicas de Ronald Câmara
Suspense à Hitchcock
O legado do reverendo
O enxadrista Machado de Assis
Um drible à la Garrincha!...
Qual das duas é a mais bela?
Um pecado capital
Tributo a uma extraordinária personalidade
Um preito de saudade
O Golpe na Nuca
Um intrépido partidário do dragão
Famoso com um lance apenas !
Um Xátria do Tabuleiro
Poligrafia do Cavalo
Uma expressiva mensagem
Cassandra às avessas
"El Greco" na Olimpíada de Istambul
Os Prêmios de Beleza no Xadrez
Dragão à Mineira
A Síndrome de Penrose
O Príncipe e o Plebeu
Pacato, Pacatinho, Pacatal ...
Alexey Shirov, O "Baratinado"!
Os Peões acrobáticos ...
Uma Missão Impossível
O Peão e suas peculiaridades
O pecadilho do abade Durand
"In Vino Veritas"
Uma instrutiva lição
O Barão e o Camponês
Cegueira Enxadrística
Meu Reino por um Cavalo!
O Fenomenal Zukertort
O Cometa de Halley do Tabuleiro
Crepúsculo de um Astro
Sua majestade o erro !

TEXTO 135 - XADREZ FEMININO.

PESQUISADO E POSTADO, PELO PROF. FÁBIO MOTTA (ÁRBITRO DE XADREZ).

REFERÊNCIA:
http://www.heldercamara.com.br/xadrezfem.htm

: : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : :    XADREZ FEMININO   : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : :

Visite o link:

Campeonato Europeu

..........................................................................

 

Giulia Câmara
      fenômeno observado nos meios enxadrísticos, comcrianças obtendo títulos (GM) e destacando-se nas maisdifíceis competições, vem corroborando a assertiva de queinformática pôs de ponta-cabeça o conceito estabelecidoaté então sobre os jogadores de xadrez.

       
que antes era uma exclamação positiva (“ele foicampeão mundial com apenas 25 anos de idade!”), hojetransformou-se numa constatação de desânimo (“eleconseguiu ser campeão mundial não obstante seus 25 anosde idade...”).
        Este
 ano, as manchetes do mundo inteiro destacaram a façanha de Kateryna Lahno (27.12.1989), uma garotanascida em Kramatorsk, na Ucrânia. Com 12 anos, 4 meses e 2 dias ela obteve o título de WGM, ou seja, GrandeMestre entre as mulheres, superando dessa maneira oregistro da celebérrima Judit Polgar. 

        No 
recente EICC (European Individual Chess Championship), o que era para se designar masculino efemininoteve de ser alterado para misto e femininoporque Kateryna fez questão de jogar a prova dos homens. Eela destacou-se com uma honorável colocação, vencendo e superando inúmeros GMs. (masculinos).
      Kateryna, atualmente com 2417 pontos-ELO, segue as pegadas da maior jogadora de todos os tempos (Judit) e participa de torneio masculinos apenas.

      
Para se ter uma idéia do potencial e da força de Kateryna, recordamos que num torneio relâmpago (5m x 5m) realizado em sua cidade natal, o veterano GM Victor Korchnoi perfizera 5 pontos em 5 rodadas e enfrentou-a na sextarodada. Ele não se saiu bem na abertura e ofereceu empate a Kateryna que, à guisa de recusa, continuou jogando. Korchnoi então obrou verdadeiros milagres para escapar à derrota e somente num final delicadíssimo conseguiuempatar.

      Isso ocorreu no dia 24 de janeiro de 2001 e Kateryna estava com 11 anos de idade!

 
HOME :: PERFIL :: ATUALIDADES :: COLUNAS :: TEORIA :: COMPUTAÇÃO :: ARQUIVO :: XADREZ FEMININO :: LINKS :: CONTATO

TEXTO 134 - FOLCLORE ENXADRÍSTICO.

PESQUISADO E POSTADO, PELO PROF. FÁBIO MOTTA (ÁRBITRO DE XADREZ).

REFERÊNCIA:
http://www.heldercamara.com.br/parque4.htm

TEXTO DO ENXADRISTA HÉLDER CÂMARA - LOGICAMENTE É UMA SALUTAR GOZAÇÃO.


Folclore enxadrístico
 
       Um dos mais fascinantes temas sobre uma partida de xadrez e que ninguém (ou quaseninguém) dá a mínima importância são os motivos daquele que foi derrotado, principalmente se omesmo for um capivara.
       Quando um Super GM-A perde uma partida e tece alguns comentários a respeitonão falta quemlhe preste a atenção e saboreie as suas pertinentes observações.
       Mas quando se trata de um capivara, é fogoAté parece que capivara  tem o direito deperder e chorar baixinho, para não perturbar a desprezível glória de seu algoz – quase sempreummestre de araque.
       Diante dessa situação incômodaalguns amigos meusirreverentes ou maldosos, propuseramque se crie um Departamento com a capacidade de atender e  de escutar as lamuriosas reclamações dos capivarasque (não esqueçamos) é  a matéria-prima que mantém os clubes funcionando e avoluma os opens pelo mundo afora.
       A seguir, apresentamos um esboço de formulário, esperando que outros, prejudicados ou não,nos mandem suas sugestões para melhorar sua feitura e atender a outras (são tantas!) reivindicações próprias dos capivaras (HC, Sp. dez/2003).
  MINISÉRIO DA JUSTIÇA
Secretaria das Reclamações PeculiaresÓrgão de Proteção aos Capivaras Desesperados
Formulário de Denúncias e Reclamações
(O Reclamante-Prejudicado deve 
preencher todos os quadros)
NOME:________________________________       ALCUNHA:_______________________________
MÃE
:_________________________________      PAI (se conhecido)__________________________
DATA
 NASC.:__________________________       DATA DO R.I.P. *__________________________

RG. __________________________________      RATE no PITUCA **_________________________
TIPO SANGUÍNEO: _____________________       
 
Nome do Psiquiatra:______________________________________________  Tel:_______________ Nome do adversário:_______________________     Títulos:_________________________________
Data
 da partida:______/______/______________    Local do Crime:__________________________
          
               
Alegações
 para reclamações de Insucesso e Derrota
          (Responder as afirmações colocando um “x” entre os parênteses, no máximo até 3)
1.   (  )   Não vi                                                              7.   (  )   Tava cansado
2.   (  )   Foi azar                                                           8.   (  )    Me distraí
3.   (  )   Ele enrolou                                                       9.   (  )    Não jogo mais 
4.   (  )   Voltou lance                                                   10.   (  )    Sacanagem!
5.   (  )   Charuto insuportável                                        11.   (  )    Sou uma besta6.   (  )   Foi sorte sua (dele)                                         12.   (  )    Tava perdido (ele)
 Preencher em duas vias, enviando 1 para o Parque e 1 para o seu Psiquiatra.        
Aguardar providências (7 dias). Em caso de vaga para internação antecipada, nossos educadosfuncionários irão buscá-lo em domicílio.
* Requiescant in pace.
** A Grutabar com o maior número de capivaras por metro quadrado.

TEXTO 133 - SUA MAJESTADE, O CAPIVARA.

PESQUISADO E POSTADO, PELO PROF. FÁBIO MOTTA (ÁRBITRO DE XADREZ).

REFERÊNCIA:
http://www.heldercamara.com.br/parque.htm

TEXTO DO ENXADRISTA HÉLDER CÂMARA.

 Sua Majestade, o Capivara
                                          

        O grande Tartakower dizia: “No xadrez, se o erro não existisse, precisaria ser inventado”. Nesse caso, implicitamente ele consagrava a figura modelar do capivara – esse mestre no sedutor ofício de errar.
         O saudoso Ademazão (Adhemar Mendonça) garantia-nos de que “todo capivara tem uma imortal na cabeça!...”. A tragédia é que se um dia essa imortal acontecer, ele dificilmente terá a chance de vê-la publicada, irradiando para todos a beleza de sua inspiração.
         Por capivara deve-se entender o principiante ou mesmo aquele que joga há algum tempo, mas que, devido a seus afazeres, não tem tempo para se esmerar na técnica das aberturas, do meio-jogo e dos finais.
         O grande engano, portanto, é julgar que um capivara seja um néscio na vida comum, uma pessoa sem muita destreza mental. Muito pelo contrário! Conheci (e conheço) capivaras inteligentíssimos, capazes de se emular com as mais consagradas cerebrações conhecidas. No entanto, sua inaptidão no manejo dos trebelhos aliada à sua falta de tempo tornam-nos presa fácil até de bisonhos adversários.
         Revistas e livros estão cheios de partidas de capivaras... perdendo, é claro. Há até quem garanta que Blackburne (1841-1924), cognominado de “a morte negra” por sua irrefreável disposição para o ataque, tenha se tornado mais conhecido por sua famosa e espetacular derrota diante de Zukertort (1842-1888) do que por todas as partidas ganhas por ele.
         A idéia deste parque tem por objetivo prestigiar aqueles jogadores que ainda não alcançaram o estrelato e, assim, não tiveram suas partidas publicadas.
Este recanto deverá ser o refúgio desses capivaras, que vez em quando “cometem” partidas interessantes ou mesmo divertidas.
         Nossa meta será a de fazer uma triagem do material que nos for enviado, verificar a autenticidade de sua origem, analisar e publicar (gratuitamente) aquelas partidas que servirão de algum modo como estímulo e/ou orientação desse pessoal tão esforçado.

TEXTO 132 - O GIGANTÃO.

PESQUISADO E POSTADO, PELO PROF. FÁBIO MOTTA (ÁRBITRO DE XADREZ).

REFERÊNCIA:
http://www.heldercamara.com.br/parque.htm

CRÔNICA DO ENXADRISTA HÉLDER CÂMARA.


O GIGANTÃO
 

Luiz Gonzaga (Giga) em ação
          ...mas, voltando ao xadrez pensado, um jogador que tenha atravessado o cabo das Tormentas (enxadrísticas), isso após os 40 anos de idade, sofrerá um notável e natural decréscimo no rendimento do seu jogo, principalmente depois que a partida tiver ultrapassado um certo limite de tempo.          Esse fenômeno tão comum e inevitável é conhecido nos meios enxadrísticos como “síndrome da terceira hora”.

         O conhecido e estimado enxadrista Luiz Gonzaga Alves Filho, não obstante sua idade cinqüentenária, é um dos mais ferrenhos e assíduos participantes de todos os tipos de competição. Um dia, ele confessou-nos, a nós no Clube de Xadrez São Paulo, que, após a terceira  hora  de  jogo,  ele  sente, aliás, pressente a presença de alguém às suas costas, um gigantão nebuloso (seria o titã Adamastor, de barbas negras e dentes amarelos, cantado em versos por Camões?), que, sorrateiro e mefistofélico, voz cavernosa, lhe sussurra anestesicamente ao ouvido:

-- Joga caca, Gonzaga!

        
  E o seduzido Gonza, num estupor de marujo apaixonado e bêbado, vai lá e... pumba! comete uma capivarada dessas de clamar aos céus. É evidente que uma melhor tradução para isso seria fadiga, estresse – provocando um curto-circüito mental de proporções lamentáveis.

          Um caso típico é sua partida contra o GM-A russo V. Salov (simultânea no CXSP, 04.11.96), quando, tendo fisgado um peixe enorme (ficou completamente ganho), ele deixou o seu ouvido ao alcance do canto das sereias...

          Pior: do gigantão descomunal!


                                                                                       (da minha crônica “O Gigantão”, Diário Popular, 11.01.97)

TEXTO 131 - HÉLDER CÂMARA - PERFIL.

PESQUISADO E POSTADO, PELO PROF. FÁBIO MOTTA (ÁRBITRO DE XADREZ).

REFERÊNCIA:
http://www.heldercamara.com.br/perfil.htm


: : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : :   PERFIL    : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : :
 
            É fácil e difícil falar deste gigante do xadrez brasileiro que se assina Hélder Câmara. Fácil, se discorrermos sobre sua personalidade humaníssima, de fino trato, humildade civilizada que se aproxima da docilidade, expansivo, conversador, sempre pronto para um chiste gargalhante em qualquer roda de amigos. Difícil, se partirmos para analisar, divagar que seja, sobre sua inteligência viva e exuberante talento, e que, para além do xadrez, mostraram-se sempre surpreendentes e criativos no amplo espectro de sua vida multifacetada.
       Das reuniões seresteiras na juventude, em Fortaleza (sua terra natal),  e  seu  apego, já então, à música popular brasileira e aos tangos de Gardel, ao compositor de belas letras musicadas e gravadas  (Altemar  Dutra, Márcia, Anísio Silva); do 
 poeta lírico, de rimas ricas e ressonância de um fugidio parnasianismo e um pulsante neo-simbolismo, ao esportista da natação, do futebol e do boxe, uma de suas grandes paixões; do leitor atento e crítico severo de tudo quanto lê, ao ... O que dizer mais deste Mestre?

       Em essência e em síntese, no sentido mais nobre dos dois termos, a definição primeira para 
Hélder Câmara há de ser esta: É um Artista. Com o seu agudo senso analítico, tudo vê e sente com aquela simplicidade cavalheiresca, aquele toque perfeccionista e em dimensão de Arte. Pois a arte quase epidêmica desse artista, que nem sempre vem ao vivo, dado o seu comportamento despretensioso, transfigurou e transfigura toda a sua potencialidade criadora em sessenta e quatro casas de um tabuleiro de xadrez, dom maravilhoso que lhe foi dado pela imponderabilidade dos deuses.
      
Hélder Câmara tornou-se, da meninice à juventude, da juventude à maturidade, um dos maiores nomes da Nobre Arte, no País e fora dele. Campeão cearense aos 17 anos de idade. Campeão carioca em 1958, 1960 e 1961. Campeão paulista em 1968. Campeão brasileiro em 1963 e 1968, e vice-campeão em 1961, 1964, 1966 e 1969. Integrou a equipe olímpica nacional em Lugano (Suiça), em 1968; Siegen (Alemanha), em 1970; Skopje (lugoslávia), em 1972; Nice (França), em 1974; La Valetta (Malta), em 1980; Thessaloniki (Grécia), em 1984. Recordista brasileiro de simultâneas às cegas, em torneio realizado no Jacarepaguá Tênis Club, Rio de Janeiro, contra doze enxadristas, em 1965. Três vezes Jogos Abertos do Interior de São Paulo, por São Bernardo do Campo; uma vez por São Caetano do Sul; várias vezes vice-campeão em diversos outros Jogos Abertos do Interior, neste Estado.
     
 E em destaque, coroando sua brilhante carreira enxadrística: durante o torneio Zonal Sul Americano, realizado em São Paulo, em 1972, tomou- se Mestre Internacional de Xadrez. Currículo como esse, respeitabilíssimo, diz por si do valor deste Mestre diante de um tabuleiro de xadrez, enfrentando qualquer adversário.

    Se o seu mundo gira em tomo da música, do cinema, dos esportes (o boxe, em particular), das letras - a sua alma centra-se no xadrez. Mas, se o xadrez é o fulcro catalisador de toda a sua versatilidade criadora, é, ao mesmo tempo, força centrípeta que não permite que tal versatilidade feneça. Muitos Mestres do tabuleiro fazem dele sua razão de viver e de morrer. 
Hélder Câmara nele vê razão de vida e sinal sensível para muitas outras vidas. Eis aí sua admiração aos artistas do xadrez, aos grandes gênios criativos, como o poeta e maestro sinfônico do tabuleiro - Mikhail Tal. Levado por esse instinto e impulso criador, Hélder Câmara foi o único, no Brasil, a criar uma variante de abertura para as peças pretas, ao lado de Octávio Trompowsky, que criou uma outra para as brancas.

      
Escritor elegante, argumentador arguto e de fina ironia, pouco vimos, entre os que lidam no País com análises e estudos de xadrez, alguém tão notável como esse Mestre, que se vale surpreendentemente da palavra certa, da frase certa, do conceito certo, com aquela simplicidade que nunca deriva para a facilidade, ao esmerilhar qualquer partida de qualquer match, por mais complexa que seja, descortinando aos olhos, até dos iniciantes, a sua beleza divina.
 
      Prova está nesta obra que ele entrega ao público, de título sugestivo e conteúdo palpitante. Aqui não está apenas e inconsútil o xadrez na sua lógica fria. Aqui não está apenas o seu universo de cálculos e armadilhas vorazes. Aqui está ele em voleios mágicos e infinita sedução. E aqui está, muito em particular, a história de mestres e matches da atualidade, as muitas vitórias e derrotas, estudadas com fino trato e cuidado, que o xadrez, na sua sagacidade e eterno tempo de espera, é dadivoso a ponto de elevar aos céus os seus  bons  filhos, como  não perdoa e sacrifica até a
 morte quem tente deslustrá-lo do seu brilho solar.
 
      Parecerá, aos menos atentos à arte enxadrística, que Hélder Câmara apenas reuniu em livro uma série de trabalhos divulgados na imprensa. Foi isso e não é isso. Há um encadeamento, de alcance ensaístico e literário, que os corporifica praticamente num só estudo. Para além da análise da partida que acompanha cada texto, junta o autor um fato curioso, uma comparação bem-humorada, uma didática oportuna, um fato importante que une a partida à própria história do xadrez. Entra por digressões paralelas, faz comparações surpreendentes entre a partida analisada com acidentes da vida que aparentemente nada têm que ver com esta,  para,  com tudo isso, chegar àquela empatia que une o xadrez
 aos outros esportes e à vida vivida da Humanidade, tal um vendaval de sopro infinito.
       Em cada um desses segmentos temos uma história de paixão, alegria, benquerença e malquerença, tristeza e dor... que o xadrez leva a tudo isso. Como esquecer Judit Polgar, Anand, Schlechter, o irrequieto Kasparov, o bem posto Karpov, o desnorteante Bob Fischer... e tantos e tantos mais, que a lista é muito grande? Como não acompanhar e reviver, quase de corpo presente, os matches entre Kasparov e Karpov, em Nova York, em 1990, e Fischer e Spassky, na ilha de Santo Estêvão, ao sul de Montenegro, em 1992, saudosa e pálida lembrança do match em Reikjavik, quando o impetuoso norte-americano quebrou a hegemonia enxadrística da então URSS?
    Do trabalho "15º Interpolis – Final", que abre o livro, a "A germinação russa", que o encerra, todo ele, nos seus setenta segmentos, é uma sucessão continuada de emoções que vêm a relevo em lampejos do melhor lavor literário. Bastaria, tomada ao acaso, citar a belíssima página "Tal, adeus ". É, mais que uma saudação em louvor ao Grande Mestre que se foi; é mais que a exaltação à sua genialidade. É um registro de de partir o coração. 0 leitor há de se perguntar: Como pôde este mundo de
precariedades, que nos dá tão pouco, deixar que Tal morresse? Talvez por isso, Hélder Câmara perpetuou a figura do indigitado Mestre com uma crônica notável, onde expõe uma face do seu xadrez belíssimo, de ressonância sinfônica. Neste curto trecho, Hé1der assim retrata o Mestre incomparável, de fragilidade física e existencial tão grandes: "Mikhail Tal era um desses raríssimos homens a quem Deus negou o elementar e primitivo direito de ser mesquinho. Vez em quando, ele perdia ou empatava com um capivara, apenas para fazê-lo feliz ou para que ninguém desconfiasse de sua condição sobre-humana. /0 invólucro terreno que lhe emprestaram para essa rápida aventura entre nós era frágil demais. E agravando essa fatalidade, ele não ligava um mínimo para a sua saúde, daí sua desaparição prematura".

        
0 livro é assim. E o xadrez aqui é vida. É a arte dos deuses ao lado das riquezas e pobrezas humanas dos que o praticam com maestria.
       Quem conhece, embora sem profundidade, esse jogo fascinante de mil ardis, essa coisa, onde até o nome xadrez é pouco para defini-lo, passará, valendo-se desta obra, a amá-lo muito mais. Porque terá a oportunidade única de subir ao Éden e descer ao Inferno de Dante, e de ambos voltar com aquela levitação desnorteante, como quem retoma de uma caminhada ao fundo da própria alma.
       Mestre Hélder Câmara mostra tudo isso com maestria e simplicidade de Mestre.
       É ler e tirar a prova. 
 


 
Caio Porfírio Carneiro
Enxadrista, escritor e secretário da UBE – União Brasileira de Escritores, SP
Apresentação do livro 
"Diagonais-Crônicas de Xadrez", do MI Hélder Câmara

TEXTO 130 - CRÔNICA: LIVRO (DE XADREZ) - FICÇÃO / LITERATURA ENXADRÍSTICA.

PESQUISADO E POSTADO, PELO PROF. FÁBIO MOTTA (ÁRBITRO DE XADREZ).

REFERÊNCIA:
http://www.saladabit.com/2011/12/cronica-livros-de-xadrez-por-tiago.html



Olá amigos, revirando os HD's, para fazer back ups e jogar coisas inúteis na lixeira virtual, encontrei alguns contos e crônicas (é difícil distinguir entre um e outro estilo!) sobre xadrez que devo ter escrito há uns 10 anos, e resolvi postá-las aqui.

A primeira Crônica é "Livros (de xadrez)", espero que gostem!

Tiago.



LIVROS (de xadrez)
          Tiago Seixas



"Capivara: jogador de xadrez de nível fraco, ou aquele que se considera forte quando não sabe jogar nada; esse último é a pior espécime." A.A.


    Já era outro dia; o relógio começara a contar do zero novamente. No entanto, ali permanecia o capivara, à frente do seu tabuleiro, com um pequeno livro de folhas amareladas, soltas e roídas, provavelmente comprado em algum sebo.

    O que antes não passaria de uma velharia, quando foi encontrado, por acaso, na prateleira, após ter aprendido a “ler xadrez”, foi comemorado, tal como um arqueólogo que encontra uma relíquia de grande valor. Bem verdade que eu nunca havia ouvido falar do autor desse livro de Defesa Índia do Rei; nem sei se voltarei a ouvir, se é que ainda está vivo o pobre do Benito Esnaola.

    De qualquer forma, livro de xadrez é livro de xadrez: sempre é bem-vindo ainda que nunca cheguemos a lê-lo. Ainda que utilize um arcaico padrão de impressão (parece que foi datilografado!) e a chata notação descritiva...

    Pouco importa também o idioma em que foi escrito o livro de xadrez, – pode até estar falando grego - sempre tem uns diagramas aproveitáveis. Espanhol e inglês até que dá para entender bem as explicações, mas há um tal de “Gli Scacchi per tutti” aqui em casa que é difícil de ver mais que as peças no tabuleiro e a notação dos lances. Foi escrito por (também nunca vi mais gordos) A. Cillo e S.Luppi, mas tá longe de ser jogado fora.

    Pelo menos, já sei que em italiano a dama é donna, o negro é nero, lance é mossa e o peão é pedone; até arriscaria uma tradução para o título: Xadrez para Capivaras. Mas como diz o ditado, “tradutore traditore”... ("Tutti" só pode significar “capivara”, mas nem vou olhar no Tradutor Google para não perder a graça...)


     Lembro-me de um fato que ocorreu na porta do elevador do prédio, após um minitorneio com mais três capivaras. Vi um saco, com alguns livros grandes e, com certeza, pesados. Blefei – já sabia a verdade – dizendo que eram livros de xadrez. Todos chegaram logo, mas viram que eram Códigos de Direito, uns oito mais ou menos, com décadas de idade. Então, dois dos capivaras reivindicaram os livros para si, dizendo serem estudantes de Direito.

    Após folheá-los, em rápida conferência informal, concluiu-se que já estavam bastante desatualizados; praticamente só serviam para jogar no lixo, colocar no banheiro, fazer fogo ou usar para calço de mesa. O interesse logo foi embora.

    “Mas imaginem se fossem livros de xadrez?” – alguém perguntou, completando em seguida – “aí ia ter porrada aqui.”

    Graças a Deus eram só velhos livros de Direito...


    Obs: Ah se eu encontro aquele “My 60 best games” de Fischer, que sei que vi lá em casa quando era pequeno...